Old ones II

Quem se cansa de nostalgia? eu não, por enquanto.
Mais coisa antiga. não é preguiça de escrever novas, é falta de tempo. ou melhor, falta de organização de tempo. falta de aproveitamento de tempo. enfim, ainda aprendo. but, while I don't... here we go with my old friends:



Fujo de Ti.
Fujo de ti como nunca fugira antes. enlaço-me logo no seu olhar.
É necessário distância. já sou forte. mas ainda preciso kilometros.
Fujo, incontestavelmente covarde. ver-te sorrir me amedronta.
Detestável lembrança do não te odiar. são meus enseios, anseios, mais secretos...
estourar-me em mil e aumentar a probabilidade de te ter. fincou-se firme.
Âncora humana, o mar não é sua casa, o peito e o pulsador tornam-se porto.
Nau, capitania, barco a vela, é minha tormenta mais tempestuosa. sei que exagero.
Sei que a calmaria chegou. mas, ainda fujo de ti. não teria forças para descobrir se meu
naufrágio está no fim.
Laryssa Guilardi


Trabalho

Ser poeta deveria ser profissão
tortura-me sê-lo nos momentos vagos
e macanizar-me em 40 horas semanais.



Be Me Quer Mal Me Quer

Não posso bem me querer
bem te querendo
Se bem te quero
mal me quero
Fato, sinto lhe querer.


Pontuação

Pontuei minha vida.
Ponto.
Ganhei.



Pontuação II

Pontuei minha vida.
Ponto.
Entre nós reticiências
Se me declaro nem cabe vírgula
Se não o faço lhe ponho em aspas - ironizo amor.



Começar é o mais fácil.

Atire a primeira pedra quem nunca ouviu o jargão: o primeiro passo já é a metade do caminho. pois bem, desculpe se destruo fantasias infantis, mas é tudo enganação. o primeiro passo é simplesmente o mais fácil. todo mundo dá o primeiro passo em algum percuso - ah, metáforas - todo dia. começamos uma aula nova, um curso novo, começamos a escrever, a pintar, a pular, a praticar parkour, a fazer dietas, a cuidar da pele, a ser mais pontual; e por aí vai uma lista imensa de tudo que se é começado.

Se fosse tão difícil a lista não seria essa ridicularidade de grande e nem haveria tantos dispostos a lançar o primeiro pé e caminhar.

A sensação de iniciar é revigorante. nos sentimos os reis da mudança, somos quase Jack e sua Rose em plena navegação gritando aos quatro ventos - puro sentimento de liberdade. o ânimo é completamente novo, quebra qualquer regra de divisibilidade e aparenta não ter fim. afinal, essa já é toda uma metade do caminho, não?

Não. seria pessimismo meu dizer que é a simples primeira parte de muitas outras? não também.

Mas, o fato é: não é os 50% prometido. se fosse, seria extremamente difícil fazê-lo, quando o que vemos é sua estranha e verdadeira facilidade em ser completado.

Hard work mesmo é continuar. depois do primeiro dia de dieta vem a terça - ou quinta pra quem prefere as quartas como dia inicial, moi - e nada do peso diminuir e tudo daquela bandeja de brigadeiros se aproximar. é querida, você já conseguiu a metade de todo o trabalho, merece um prêmio, e nada como chocolate para prêmios! amanhã você faz essa parte de primeiro passo de novo, quem faz uma vez faz mais. e esse é o problema: quem começa uma vez permanece começando.

E isso serve para todo e qualquer outro exemplo - iniciar esporte, livro, estudar, namorar, e ao infinito e além.

Não que eu queira desestimular seus primeiros passos, nunca.

Mas meu ponto é, sinto como se estivesse em uma incessante e interminável primeira passada. e o cliche mentiroso sempre tenta me animar, "só falta mais uma metade". detesto mentirosos, e não me sujeito a mentiras. portanto, é como se tivesse que afirmar em algum canto - no guardanapo do bar, na fronha do travesseiro, no diário esquecido, ou no blog iniciante - que começar É o MAIS FÁCIL. que levantar e achar que pode mudar o mundo é pra qualquer um - exceto nas segundas e domingos. que trevas e pesadelos mesmo é dormir com a mesma vontade - vontade não, com o mesmo sentimento, talvez -, e ir além, acordar no dia seguinte certo de continuar o que começou e ir dormir semanas depois absolutamente consciente de que, agora sim, está na metade do caminho.

É como se eu estivesse em um daqueles gigantescos mercados de trocas, lhe dou isso de achar-se no eterno beggining por aquilo de estar um tanto quanto adiantada, ou apenas no lugar certo.

Desculpas. Não quis generalizar. sei que muitos conseguem terminar. mas o que vejo é: a grande maioria só começa. eu faço parte dessa maioria.

Uma idéia para ajudar? sei lá.
brinks. talvez, estar ciente da verdade já seja fator transformador. a partir do momento que sabemos o que de fato é mais díficil podemos nos preparar melhor. e assim, iniciar a 'jornada' com a mesma simplicidade de antes. mas, um tanto mais fortes; pois conhecemos as sete cabeças à frente.

e, quem sabe, nem seja assim um monstro.

Old one...

Ah, meio sem tempo para postar algo novo, então aqui vai outro antigo que gosto bastante - mas nao sei pq, me lembra alguma outra coisa; uma música, poesia ou sei lá... mera semelhança ou não, ai vai...


Eu vejo tudo girando,

a mariposa virando flor

Eu vejo os raios cantando

Eu vejo o mundo

assim como for



A vida se repete

Eu faço aquilo que eu quiser

A vida se repete

Eu levo a vida como der...

Lary Guilardi

Again...

Ahh,
como eu amo nostalgia. Mais parece com nome de remédio, mas, quem liga?
Sei que já postei hoje, mas olhando uma paste de poemas antigos li um de minha época ultra-romântica platonicamente apaixonada e achei um que eu adorava, considerava minha pérola negra querida... u_u... enfim, falta de visão a parte, não é de todo ruim. Extremamente exagerado? Fato, mas como diria o poema:
"O poeta é um fingidor
que finge tão completamente
que chega a fingir que é dor
a dor que deveras sente..."
[não exatamente com suas palavras, eu acho, memória não tão confiável, sinto.]

Então aqui está a dor fingida ...


Não

O caralho que gostar não dói. Filho da puta o que não vê complexidade. Apaixonar-se de cú é rola. E que o coração fragilizado vá para a merda com o seu ar de para sempre amar. O mundo é dos fortes e para os fortes, porra. Cresceu romântico? Vai belamente se fuder! Tomar no nú os olhares ambíguos e as frases incertas. Eu quero vida e não essa putaria. Não combina com o baixo calão, mas, ah! querido, este planeta não cede ao amor.

...

Como dito em um post anterior, aqui estão os ultimos dois 'escritos' da manhã sonolenta quase desperdiçada...
...

[se saíram ruim tenho minha desculpa... sono não é elemento de inspiração, ponto.]
....






Recaída
Andava muito bem.
Surgiu você.
De novo.


como pedra de tropeço,
como abismo no fim do monte,
como fenda no caminho,
buraco inesperado.


Andava muito bem.
Surgiu você.
Caí.
De novo.
...



Mutatis Mutandis
[mudando o que deve ser mudado]

Mutatis mutandis
outra vez
Mutatis mutandis
enervorosamente
Mutatis mutandis
com enlouquência
Mutatis mutandis
Mutatis mutandis
Mutatis mutandis

ainda me sou...
Mutatis mutandis
Ainda
Mutatis mutandis
a mesma
Mutatis mutandis
...
enfim,
nem os mortos me ajudam.

...

Hoje numa terça nublada tenho as melhores das companhias: Chuva, raios e trovões, um bom livro de moça, muffins de chocolate e uma cachorra manhosa no pé.
Nada mais melancólico que tudo isso adicionado às gotas de chuva escorrendo pela janela, certo?
Enfim... sem muita inspiração, e nem um pouco a fim da parte transpiração do processo criativo – frase célebre: é necessário 10% de inspiração e 90 de transpiração. Então deixo hoje um texto do meu poeta favorito, um dos, Gonçalves Dias.


Olhos Verdes
Golçalves dias

São uns olhos verdes, verdes,
Uns olhos de verde-mar,
Quando o tempo vai bonança;

Uns olhos cor de esperança
Uns olhos por que morri;
Que, ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo

Depois que os vi!
Como duas esmeraldas,
Iguais na forma e na cor,
Têm luz mais branda e mais forte.

Diz uma - vida, outra - morte;
Uma - loucura, outra - amor.
Mas, ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo

Depois que os vi!
São verdes da cor do prado,
Exprimem qualquer paixão,
Tão facilmente se inflamam,

Tão meigamente derramam
Fogo e luz do coração;
Mas, ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo

Depois que os vi!
São uns olhos verdes, verdes,
Que pode também brilhar;
Não são de um verde embaçado,

Mas verdes da cor do padro,
Mas verdes da cor do mar.
Mas, ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo

Depois que os vi!
Como se lê num espelho
Pude ler nos olhos seus!
Os olhos mostram a alma,

Que as ondas postas em calma
Também refletem os céus;
Mas, ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo

Depois que os vi!
Dizei vós, ó meus amigos
Se vos perguntam por mi,
Que eu vivo só da lembrança

De uns olhos da cor da esperança,
De uns olhos verdes que vi!
Que, ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo

Depois que os vi!
Dizei vós: Triste do bardo!
Deixou-se de amor finar!
Viu uns olhos verdes, verdes,

Uns olhos da cor do mar;
Eram verdes sem esp’rança,
Davam amor sem amar!
Dizei-o vós, meus amigos,

Que, ai de mi!
Não pertenço mais à vida
Depois que os vi!
E por favor.... Comentem!

concurseiros de plantão...

Sonho com o Edital



Eu sonho com o edital. Com o edital perfeito, onde no item 4.1 e seus subseqüentes encontram-se os requisitos dos cargos, e estes requisitos são meus. Meus e de mais ninguém. Minha idade, cor dos olhos, cor do cabelo, sequencia do DNA, impressões digitais.
E tal edital conteria em seus anexos o conteúdo da prova, e eu dominaria todos. Com chicotes, grilhões, punições e leis severas. Seriam meus servos e se colocariam ao meu dispor no domingo concurseiro.
O item descritor das funções também me seria perfeito. As atribuições em nada pareceriam com as atuais dos repetitivos cargos administrativos, nada da monotonia e enclausuramento dos papéis, processos e procedimentos. Eu seria extremamente útil para a organização - de forma dinâmica, diferente e revigorante. O salário não seria exorbitante, ainda sendo sonho, nada de seis dígitos, me bastariam cinco, não muito altos, nem muito baixos. O suficiente para uma vida necessariamente divertida, confortável e livre.
E, logo após sonhar com o edital, acordo... com outro. A verdade? Outros. Poligamia permitida, me ‘apaixono’ por muitos e cedo á libertinagem... os imprimo, os leio, os risco, os estudo e os decoro; no fim, me inscrevo. Contudo, nunca esqueça, amor algum é de graça; o boleto bancário sempre espera no dia seguinte.
Mas, continuo na constante espera pelo amor da minha vida, o edital, o edital dos sonhos.

Acordando cedo...

Uma manhã nunca é desperdiçada.
Cheguei as oito em um curso que começava as dez - não me atentei para o detalhe, falha minha, as usual - e o que fiz? Escrever escrever. Nada de muito útil ou obra de arte, apenas besteiras em linhas, brincadeiras com o latim, joguinho de palavras; mas o suficiente para acordar uma manhã bastante sonolenta.
Então, eis aqui o primeiro da trilogia:


Sine qua non [indispensável]

Fez-se indispensável
Fez-se minha língua morta
-linguisticamente errado -
Fez-se mais presente
-mesmo sem se ser-
Fez-se feito imaginário
Fez fruto sem semente
Fez-se sina...
Sine qua non.
Lary Guilardi


A Mágica.

24 de Fevereiro, 2010.

É muito simples como apenas acontece. Uma hora está e ele é, logo depois, não está mais e ele não se é. Rápido e eficiente.
Não é necessário muito, basta a armação velha e mal feita - fashionistas que se mordam, mas esses são os mais recomendados – um par de lentes grossas e pronto. Tem-se todos os item necessários à mágica da transformação. Em um ligeiro tira ou põe, a feia torna-se bela, o estabanado se despe em herói, o mundo fica belo ou apenas volta ao normal.
É tudo tão eficaz que nenhum outro elemento tem a capacidade de interferir. A voz não indica pista alguma de que o usuário dos elementos magicistas não é o mesmo; sua altura, cor dos olhos, modo de andar são mero detalhes despercebidos. E o melhor, a mágica não se restringe ao externo, tudo muda lá dentro.
O Kent ao tirar os as lentes voava com Lois em seus braços, permanecia diante dela sem aquela leve curvatura de seus ombros, típica do acanhamento. Não apenas o super, de vermelho e cueca, transformava-se sem o bendito acessório; Parker também era levado ao mundo da auto-estima e confiança, deixava o nerdismo de lado e virara aranha. Outras trocavam a armação pelas lentes plásticas internas e dançavam como rainhas do baile.
Tudo pode acontecer ao colocá-lo ou ao tirá-lo. Se foge, coloque-o, não irão te perceber. Se quer ser notado sem ser, tire-os, te perceberão, mas nem serão capazes de lembrarem de quem era antes.
E se a mágica não fosse invenção Holywoodiana para cobrir os erros de roteiro? “Tudo errado, assim ela vai saber que ele é o herói!!!” braveja o diretor. “Aqui os óculos!!” corre o contra-regra.E tudo em seu devido e certíssimo lugar. Mas... e se fosse real? Tiraríamos todos os óculos ou nos esconderíamos atrás deles? Ou melhor, inverteríamos essa idéia tirana e deixaríamos quem não os usa como os não mais mocinhos, totalmente vulneráveis a quem ou o que quer que seja, e os portadores das lentes mágicas como os seres mitológicos providos dos poderes e capacidades auto-afirmativas necessárias para no fim ter seu happy ending?
Qualquer que seja a ordem, qual quer que seja a idéia deturpada de seus efeitos milagrosos e mirabolantes, sinto que devo estar preparada; amanhã, as nove da manhã, tenho hora marcada com meu oculista.

. Porque em terra de sapos parkour já era moda há muito tempo...

Minha terra

Terra de Sapos. Literalmente. Não aqueles que viram príncipes, mas, aqueles que são sempre sapos, e em ser sapos são completamente.

É o que me importa. Não se somos sapos, mas se somos por inteiro.

Transcrevo então minha terra de sapos; meus sapos e seus concursos, meus sapos e suas filas, meus sapos e seus editais, meus sapos e seus amores.

[e que venha o modismo útil e satisfatório de escrever]

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