Não sou muito de listas de início de ano. Meu ano já vem listado naturalmente, com dias contados, meses seguidos e calendário apertado. Me jogar em mais metas a cumprir soa como loucura. Mas neste dois mil e alguma coisa, farei exceção. Eu preciso, devo, me lembrar do que fazer e do que não repetir. Sou esquecida por natureza, me esqueço de guardar a mágoa, me esqueço de ficar brava, me esqueço de lembrar, me esqueço de fazer, me esqueço de correr atras e principalmente: me esqueço. E daí vem a necessidade de listar. Enumerar cada detalhe importante pra fazer deste ano bebê um velhinho significativo no álbum das idades.
Pensei em listar pontos como: me apaixonar. Mas andei refletindo... e percebi que é um ano para fugir de problemas. De fato, creio que venho fugindo há tempos. Escondo-me no platonismo, me afogo nos livros, me encanto com filmes e monto minha muralha de escape. Em time que está ganhando não se meche, certo? E se meu time na "vida física" não me dá muito motivo de celebração, não sou eu que vou tirar o time sentimental da liderança. Estou muito bem com a sorte no jogo. Devo focar-me em listar apenas os defeitos a serem corrigidos de 2010.
Hei, portanto, de empilhar em minha lista – sim, empilhar, colocar um em cima do outro, amontoar, organizar bagunçadamente (só faço sentido na confusão) – itens como: escrever mais – crônicas, contos, quem sabe uma ‘novel’ (já há a idéia, semente, vou jogar ao vento e ver se o passarinho verde da criatividade ajuda a espalhar), poemas, frases, ou apenas confissões e desabafos - ; ler mais – sei o que estão pensando, vou ficar doida se aumentar o número de mundinhos encadernados na estante ao lado da cama, mas digo ler mais clássicos, mais politizados e diferentes dos que os que freqüentam minhas mãos ávidas por virar a página -; tocar mais – principalmente o bando, abandonado por falta de tempo -; e mais algumas muitas besteiras, mas sem me esquecer de um dos mais importantes: sair. Não sair sair, entende? Mas, sair. Não estar mais aqui... ver o outro lado da moeda, da rua, do mundo, do mar, deles. Quero me perder na estrada, virar esquinas desconhecidas, seguir um mapa sem entender, fingir que vejo os desenhos de heróis nas estrelas, achar aquela fruta rosa choque, beber da fonte da juventude, jogar moeda em uma outra - a dos desejos -, fotografar sem fotometrar, abrir o diafragma o máximo possível, deixar meu iso altíssimo – eu quero luz entrando, muita, quero uma vida superexposta aos raios luminosos -, a velocidade pode ser baixa, não tenho pressa, ainda que resulte em borrões e – sim, mais,mais – mais luz. Quero me perder para me encontrar.
Ah, vou indo fazer minha lista - sinto que será útil. Pendurá-la na porta do armário, para que a veja toda santa manhã na qual luto contra o sono perseguidor. Vai que seja o ânimo que falta para focar e torná-la real.
Enfim... isso foi o mais pessoal que já escrevi aqui. A questão é, como fui lembrada hoje em uma conversa, a gente precisa de objetivos pra viver. Não o objetivo pelo objetivo, apenas. Mas também pelas milhões de possibilidades e experiências que vem juntas com o caminho até ele. Então, nada melhor para descobrir quais são seus grandes objetivos do que listar os pequenos, correto? Não custa tentar...
Um 2011 diferente para vocês. Com tudo de bom, é claro. Mas que não seja mais um ano bom. Mas um ano impactante. Que Deus seja sua base e alicerce, ok?
Enfim, um clichê do fundo do coração: Feliz ano novo!