I

Quando uma leitura acaba morro junto.
Ler me é como nascer e morrer. As primeiras páginas são a tediosa gestação, cada personagem surgindo é um membro crescendo. Não conhecer a história é minha placenta nublando a visão; com cada início de trama chegando me torturam as contrações, uma a uma, intervalo a intervalo, sua força tornando-se maior.
Então nasço. Vivo as páginas escritas. E tal como no tão familiar ciclo, morro com as últimas palavras.
No próximo renasço...
Incompleta.

II
Eu vi a semelhança. O que me torna exatamente igual a eles. Vejo-a tão nitidamente agora que a creio quase tocável. Sua abstração não vinha. Tão concreta era que fugia dos limites da idéia. Se comparassem os aspectos me classificariam um deles e acorrentar-me-iam nas páginas de um imortal.

III
Basta papel para fugir a inspiração.

IV
A impossibilidade de te ter.
O que seria de minha’lma se a impossibilidade de te ter fosse impossível?

Lary Guilardi