Meu voto é arma bélica.
Não voto em candidato x. Voto contra candidato y.
Voto para aniquilar. Para derrubar.
Para tirar do poder quem me tira do sério.

Meu voto não é agente secreto.
Ele grita, se rebela, escandaliza.
É assassino que prefere ser pego
a quatro anos de sentença, culpado de mudez.

Não acredito em horário eleitoral e suas guerras frias.
Meu voto é focado no calor da batalha, nas cabeças rolando
- cabeças, contas na Suíça, malas e fundos falsos –;
quero feridas jorrando sangue e meus impostos pelas ruas.

Sei que sou soldado anônimo.
Mas não sou um soldado só.
A população ‘canário’ logo se arma
E o perímetro do quadrado delineia toda a legião
- a coragem urbana é concreta por natureza,
não tem curva, é direta, angular e fere;
não tem essa de te vejo na esquina, o combate é frente a frente.

E se, por fim, o batalhão de políticos tiver baixa total
declararei meu voto veterano
- a aposentadoria pacífica lhe renderá o direito de escolha.
Mas, por hora, carrego meu título
- a munição é minha cola
a urna é a mira –
e me preparo para a aniquilação.
E que trema o Buriti,
o seu futuro é incerto.
Hasta la vista, baby
- headshot.