“Somos pássaros novos longe do ninho”
– um dia.

Digníssimos leitores de minha lamacenta e esquecida terra de sapos,
Quanta mentira hoje em dia né? Um tanto away o assunto, eu sei. Mas, ainda assim, quanta mentira há hoje em dia. A superficialidade de tudo me assusta. A minha superficialidade me assusta - me apavora.

Como escrevi certa vez:

“não sentimos
não vemos
não somos”

Sei um pouco de tudo e de tudo um pouco, mas nunca sei. Gosto de muitos, mas não amo nem um pouco. A piada me é sempre momentaneamente engraçada, tudo me é momentâneo. Esqueçam as metáforas: a vida como um trem, um barco, um sonho, uma peça sem roteiro, uma ópera de apresentação única... podem funcionar no papel, funcionar na alma lírica; mas a realidade é dura como a rocha, viver é muito mais simples e ingrato do que todos figuram.

Tudo é resultado de química, de processos metabólicos e sinapses; somos todos feitos de sensações. E sensações não duram, não são profundas e nem acopladas de inúmeros adjetivos; são apenas flashes.

Certo, além de mim, ninguém entendeu nada. Ainda hei de escrever mais detalhadamente e mais explicitamente sobre o que penso de fato. Mas, tenho que seguir o tracejado que me deram; uma resenha me espera e a vida continua – rocha.

“Eles passarão, eu passarinho...”
– ou não.



Aqui vai um trecho de algo que escrevi quando presenciei um suicídio - pode até estar exagerado, mas na hora em que escrevi ... bom, digamos que eu estava em estado de choque.

"Finjamos ser pássaros. Finjamos voar. Finjamos haver na porta o escrito "escape". E voemos. E voaram. E voou. E tomou armas contra um mar de calamidades, como o príncipe shakesperiano desejara, pondo-lhes fim resistindo.

Somos menos. Nasceu mais um. Ainda somos menos. Dentro. No fundo. Somos menos.

Àquele que deu seu ultimo suspiro como pássaro ferido."