Atire a primeira pedra quem nunca ouviu o jargão: o primeiro passo já é a metade do caminho. pois bem, desculpe se destruo fantasias infantis, mas é tudo enganação. o primeiro passo é simplesmente o mais fácil. todo mundo dá o primeiro passo em algum percuso - ah, metáforas - todo dia. começamos uma aula nova, um curso novo, começamos a escrever, a pintar, a pular, a praticar parkour, a fazer dietas, a cuidar da pele, a ser mais pontual; e por aí vai uma lista imensa de tudo que se é começado.

Se fosse tão difícil a lista não seria essa ridicularidade de grande e nem haveria tantos dispostos a lançar o primeiro pé e caminhar.

A sensação de iniciar é revigorante. nos sentimos os reis da mudança, somos quase Jack e sua Rose em plena navegação gritando aos quatro ventos - puro sentimento de liberdade. o ânimo é completamente novo, quebra qualquer regra de divisibilidade e aparenta não ter fim. afinal, essa já é toda uma metade do caminho, não?

Não. seria pessimismo meu dizer que é a simples primeira parte de muitas outras? não também.

Mas, o fato é: não é os 50% prometido. se fosse, seria extremamente difícil fazê-lo, quando o que vemos é sua estranha e verdadeira facilidade em ser completado.

Hard work mesmo é continuar. depois do primeiro dia de dieta vem a terça - ou quinta pra quem prefere as quartas como dia inicial, moi - e nada do peso diminuir e tudo daquela bandeja de brigadeiros se aproximar. é querida, você já conseguiu a metade de todo o trabalho, merece um prêmio, e nada como chocolate para prêmios! amanhã você faz essa parte de primeiro passo de novo, quem faz uma vez faz mais. e esse é o problema: quem começa uma vez permanece começando.

E isso serve para todo e qualquer outro exemplo - iniciar esporte, livro, estudar, namorar, e ao infinito e além.

Não que eu queira desestimular seus primeiros passos, nunca.

Mas meu ponto é, sinto como se estivesse em uma incessante e interminável primeira passada. e o cliche mentiroso sempre tenta me animar, "só falta mais uma metade". detesto mentirosos, e não me sujeito a mentiras. portanto, é como se tivesse que afirmar em algum canto - no guardanapo do bar, na fronha do travesseiro, no diário esquecido, ou no blog iniciante - que começar É o MAIS FÁCIL. que levantar e achar que pode mudar o mundo é pra qualquer um - exceto nas segundas e domingos. que trevas e pesadelos mesmo é dormir com a mesma vontade - vontade não, com o mesmo sentimento, talvez -, e ir além, acordar no dia seguinte certo de continuar o que começou e ir dormir semanas depois absolutamente consciente de que, agora sim, está na metade do caminho.

É como se eu estivesse em um daqueles gigantescos mercados de trocas, lhe dou isso de achar-se no eterno beggining por aquilo de estar um tanto quanto adiantada, ou apenas no lugar certo.

Desculpas. Não quis generalizar. sei que muitos conseguem terminar. mas o que vejo é: a grande maioria só começa. eu faço parte dessa maioria.

Uma idéia para ajudar? sei lá.
brinks. talvez, estar ciente da verdade já seja fator transformador. a partir do momento que sabemos o que de fato é mais díficil podemos nos preparar melhor. e assim, iniciar a 'jornada' com a mesma simplicidade de antes. mas, um tanto mais fortes; pois conhecemos as sete cabeças à frente.

e, quem sabe, nem seja assim um monstro.